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SÍNTESE DOCUMENTO 100 DA CNBB | COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA



Introdução

A introdução aborda a necessidade de repensar o papel da paróquia na sociedade contemporânea, devido a mudanças sociais e à secularização. A Exortação Apostólica Evangelii Gaudium é mencionada como uma fonte de inspiração para a renovação da paróquia, enfatizando sua capacidade de adaptação e criatividade. É abordado a revitalização da comunidade paroquial, promovendo debates e discussões que culminam na publicação do documento.

A conversão pastoral da paróquia é destacada como um elemento-chave para o seu fortalecimento. Isso envolve a aplicação da eclesiologia do Concílio Vaticano II, a concretização das diretrizes da CNBB e a influência dos pronunciamentos do Papa Francisco. O texto é composto por seis capítulos que abordam desde a análise dos sinais dos tempos que desafiam a paróquia até propostas para a transformação da paróquia em uma "comunidade de comunidades." A ênfase é dada à importância de formar pequenas comunidades de discípulos, revendo o papel dos ministros ordenados e leigos, e reconhecendo a urgência da missão em uma sociedade pluralista.

Capítulo I: "Sinais dos Tempos e Conversão Pastoral"

O primeiro capítulo do documento examina os "sinais dos tempos" que desafiam a paróquia na sociedade contemporânea. O Concílio Vaticano II é destacado como uma influência significativa que enfatiza a necessidade de diálogo entre a Igreja e a sociedade, bem como a importância de estar em constante renovação espiritual. Destaca as mudanças sociais significativas enfrentadas pela sociedade contemporânea, incluindo avanços tecnológicos, individualismo, laicismo e secularização. Essas mudanças afetam profundamente a maneira como as pessoas vivenciam sua fé e sua relação com a religião.

A paróquia enfrenta desafios comuns, como a falta de envolvimento missionário, a ênfase excessiva em sacramentos e devoções, a centralização na figura do pároco e a falta de adaptação às novas realidades. No entanto, algumas paróquias têm conseguido se adaptar, adotando uma abordagem mais dinâmica, enfatizando a formação de comunidades e a participação ativa dos leigos. Também examina a territorialidade tradicional da paróquia e a necessidade de repensar essas estruturas à luz da mobilidade e das conexões virtuais que moldam a experiência religiosa das pessoas. Estruturas obsoletas e burocráticas nas paróquias precisam ser revisadas para se tornarem mais missionárias e acolhedoras.

Conclui que o primeiro capítulo destaca a importância da Igreja Católica se adaptar aos desafios contemporâneos, adotando uma abordagem mais missionária e buscando uma renovação tanto estrutural quanto espiritual para enfrentar as rápidas mudanças do mundo e cumprir sua missão de anunciar o Evangelho.

Capítulo II: Palavra de Deus, vida e missão nas comunidades

O segundo capítulo aborda o papel fundamental da Palavra de Deus na vida e missão das comunidades cristãs. Destaca a importância das comunidades se inspirarem na vida e testemunho de Jesus e dos apóstolos para sua missão. É ressaltado a necessidade de compreender o contexto no qual a Igreja foi estabelecida e como as primeiras comunidades cristãs se formaram. É explorado a importância das raízes judaicas da fé cristã, enfatizando a Aliança de Deus com o povo de Israel e a importância dos vínculos comunitários e familiares naquela época. Jesus é apresentado como o novo modelo de pastor, que acolhia as pessoas com bondade, especialmente os pobres e excluídos, e ensinava de maneira acessível a todos.

A perspectiva do Reino de Deus é discutida, destacando como Jesus e suas ações influenciaram as primeiras comunidades cristãs. Marcas como simplicidade, igualdade, partilha, amizade, serviço, perdão, oração em comum, alegria, hospitalidade, comunhão e acolhida caracterizavam essas comunidades. A importância da comunhão na Eucaristia, da partilha de bens, da iniciação cristã (batismo, crisma e Eucaristia) e da missão de anunciar o Evangelho é observada. A esperança na vinda de Cristo no fim dos tempos era um elemento central na vida dessas comunidades primitivas.

Conclui destacando as primeiras comunidades cristãs que servem de inspiração para a Igreja atual, fornecendo elementos e critérios para a vivência da fé em comunidade nos dias de hoje, ressaltando a necessidade de adaptação aos desafios dos tempos atuais.

Capítulo III: Evolução das Paróquias: Uma Jornada Histórica e Contemporânea

O terceiro capítulo apresenta a evolução das paróquias ao longo da história da Igreja, desde as comunidades cristãs primitivas até os dias atuais. O capítulo inicia destacando a resiliência das comunidades cristãs primitivas diante das perseguições do Império Romano, onde as paróquias emergiram como refúgios que promoviam a fraternidade, irmandade e obras de caridade.

Ao abordar a origem das paróquias, explora a transição do cristianismo de uma fé perseguida para uma religião oficial do Império Romano. Os editos de Milão e Tessalônica desempenham um papel crucial nesse processo, resultando na necessidade de uma organização eclesiástica mais estruturada. As paróquias, representadas pelas "domus ecclesiae" e "titulus," surgem como locais de culto fixos, ganhando autonomia no final do século IV e desempenhando um papel fundamental na disseminação do cristianismo nas cidades.

A história da formação das paróquias no Brasil é cuidadosamente explorada, desde a chegada do catolicismo no século XVI até os desafios enfrentados pela Igreja com a Proclamação da República em 1889. As paróquias, embora centrais para o catolicismo brasileiro, muitas vezes mantiveram uma dinâmica de exclusividade do padre, com os leigos buscando principalmente sacramentos. Destaca a influência transformadora do Concílio Vaticano II na compreensão da paróquia, ressaltando sua relação com a diocese e enfatizando a paróquia como a "célula viva" da Igreja local. A visão mais comunitária e missionária promovida pelo Vaticano II instiga as paróquias a superar limites territoriais e se envolver ativamente na missão da Igreja.

Ao explorar a renovação paroquial na América Latina e no Caribe, as conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida são destacadas por impulsionarem a formação de comunidades eclesiais, promovendo uma vida de fé mais comunitária e social, além de enfatizarem a importância da justiça social.

No contexto brasileiro, a renovação da paróquia, iniciada pelo Plano de Emergência em 1962, evolui ao longo das décadas, enfatizando a importância da diocese, a participação dos leigos, a pastoral de conjunto e a formação de comunidades missionárias. O capítulo conclui enfatizando a relevância contínua das paróquias na vida da Igreja, desde seus primórdios até os dias atuais.

Capítulo IV: A Essência da Comunidade Paroquial: Entre a Trindade e a Missão

O Capítulo IV explora detalhadamente a natureza e a dinâmica da comunidade paroquial, fundamentada no Mistério Trinitário e enraizada na missão da Igreja. O papel do Espírito Santo como garantia de que a comunidade não se tornará apenas uma realidade sociológica, mas permanecerá profundamente ligada à sua natureza espiritual.

É ressaltado a origem trinitária da Igreja, projetada pelo Pai, criada pelo Filho e vivificada pelo Espírito Santo. A Igreja é concebida como uma comunidade de amor, inspirando sua missão e tornando a missão uma parte intrínseca da vida cristã. A ênfase recai sobre a necessidade de a comunidade paroquial incorporar a comunhão e a missão trinitárias em sua própria missão. A relação entre a paróquia, a diocese e a Igreja como um todo é explorada, destacando a paróquia como a "célula da diocese," conforme delineado pelo Concílio Vaticano II. A comunhão entre a diocese e a paróquia vai além das aparências externas, refletindo a comunhão dos santos e a Igreja celestial, buscando uma salvação que transcende o mundo visível.

A paróquia é considerada uma "comunidade de comunidades," em comunhão com a diocese, destacando a ação colaborativa do pároco com o bispo como essencial para essa visão. Elementos fundamentais, como a fração do pão, comunhão fraterna, orações e ensinamentos, são ressaltados como essenciais para reviver a experiência da comunidade cristã dos primeiros tempos.

A definição do território paroquial é vista, distinguindo entre paróquias territoriais e pessoais. A paróquia territorial é vista como o espaço onde os paroquianos vivem, e o pároco é responsável pelo cuidado pastoral, tornando-o um local onde a Palavra de Deus é ouvida e a Eucaristia é celebrada. A paróquia é concebida como a própria Igreja que vive no meio das casas dos cristãos, tornando-se a casa da Palavra, do pão e da caridade.

Observa-se a necessidade de a comunidade cristã ser missionária, testemunhando através de ações em favor da dignidade humana e proclamando explicitamente a Boa Nova de Jesus. A missão demanda proximidade afetuosa, a prática do "querigma" e a presença pública da Igreja no mundo. A comunidade paroquial, apesar de sua existência terrena, é destinada à eternidade e à proximidade com Deus. A descentralização da paróquia é vista como uma estratégia para promover maior proximidade e encontro entre os fiéis.

Capítulo V: Sujeitos e Tarefas na Conversão Pastoral: Uma Teia Complexa e Necessária

O Capítulo V observa-se nos diversos sujeitos dentro da Igreja e suas respectivas tarefas essenciais no processo de conversão pastoral. Destacando que a verdadeira conversão depende do encontro pessoal com Jesus e da adoção de novos modos de agir e cuidar das pessoas, o capítulo delineia as responsabilidades específicas dos bispos, presbíteros, diáconos permanentes, consagrados, leigos, famílias, mulheres, jovens, idosos, comunidades eclesiais de base (CEBs), movimentos e associações de fiéis, bem como comunidades ambientais e transterritoriais.

Inicialmente destaca os bispos como principais impulsionadores da conversão pastoral. A responsabilidade dos bispos vai além da liderança, incluindo a promoção de uma mentalidade renovada e a paciência misericordiosa. O fortalecimento do clero é considerado vital para transformar a paróquia em uma "comunidade de comunidades." Os presbíteros são reconhecidos como pastores dedicados, mas o capítulo observa desafios relacionados à sobrecarga, sublinhando a importância da vivência comunitária e autenticidade pessoal. A formação contínua é vista como essencial para acompanhar as mudanças sociais.

Os diáconos permanentes são orientados a serem formadores de novas comunidades eclesiais, enquanto os consagrados, especialmente religiosas, são chamados a contribuir para a renovação paroquial, garantindo uma comunhão jurídica, pastoral e missionária com a diocese. Os leigos, derivando sua missão dos sacramentos do Batismo e da Confirmação, são instados a superar o clericalismo e participar ativamente das pastorais, reconhecendo a diversidade de carismas, serviços e ministérios. A família é vista como vital para as comunidades paroquiais, e são ressaltados encontros familiares como iniciativas de vida comunitária.

A seção dedicada às mulheres destaca seu papel significativo nas comunidades paroquiais, enfatizando a necessidade de valorizar suas contribuições. Os jovens são considerados essenciais para a vitalidade da Igreja, e os idosos são reconhecidos como portadores de sabedoria valiosa. As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são percebidas como instrumentos cruciais para o encontro com a Palavra de Deus e o compromisso social. Movimentos e associações de fiéis são vistos como sinais da Providência de Deus, mas desafiados a estabelecer relações saudáveis com as dioceses.

O capítulo conclui enfatizando a necessidade de uma organização que leve em consideração a diversidade de sujeitos e tarefas na Igreja. Propõe um compromisso com a pastoral planejada, a criação de vínculos e a partilha de caminhada. Reconhece que a paróquia, embora crucial, é insuficiente para a tarefa de evangelização diante da complexidade da sociedade atual, apontando para a necessidade de a Igreja se adaptar e responder aos desafios do mundo contemporâneo.

Capítulo VI: Renovação Paroquial: Perspectivas e Desafios

A renovação paroquial emerge como uma necessidade premente na vida eclesial, conduzindo a Igreja a refletir sobre suas práticas e estruturas à luz dos desafios contemporâneos. O Capítulo VI oferece uma série de propostas pastorais que se revelam como alicerces fundamentais para este processo de revitalização eclesial. Em primeiro lugar, ressalta-se a dependência em Cristo e no Espírito Santo como princípio orientador.

A sugestão de formação de comunidades paroquiais menores surge como uma estratégia valiosa. Esta descentralização propõe não apenas ampliar o alcance da paróquia, mas também fomentar a participação ativa dos leigos, conferindo-lhes protagonismo na condução das atividades paroquiais.

A acolhida e vida fraterna revela a importância de construir relações pessoais dentro da comunidade. Através do diálogo, busca-se não apenas integrar os afastados, mas também oferecer um suporte mais personalizado nos momentos desafiadores da vida dos fiéis. A priorização da iniciação à vida cristã destaca a relevância da catequese na formação dos membros da paróquia. A abordagem proposta, alinhada ao processo de querigma, conversão, discipulado, comunhão e missão, sugere uma metodologia abrangente e eficaz. A promoção da leitura orante da Palavra visa enriquecer as celebrações, afastando-se de abordagens superficiais. Destaca-se, especialmente, a importância da homilia como um momento crucial, cuja preparação meticulosa é essencial para a transmissão eficaz da mensagem.

A valorização da liturgia e espiritualidade na vida paroquial reflete o reconhecimento da Eucaristia como um momento de renovação da vida em Cristo. O domingo é destacado como um espaço para a alegria e o encontro familiar, consolidando a comunidade na vivência da fé. A caridade cristã é posta em destaque, ultrapassando os limites tradicionais ao incluir a defesa da vida e da ecologia. A paróquia, portanto, é convocada a uma ação mais abrangente e comprometida com as necessidades sociais emergentes. Os aspectos organizacionais são contemplados com a ênfase nos conselhos, organização paroquial e manutenção. A participação dos leigos na gestão e decisões da paróquia, bem como a transparência na administração de recursos, são vistas como fatores cruciais para uma comunidade eclesial vibrante.

A abertura ecumênica e diálogo emergem como imperativos em um cenário de pluralismo religioso. A promoção do entendimento inter-religioso se torna uma dimensão vital na vida paroquial, contribuindo para a construção de pontes de compreensão e respeito. A proposta de uma nova formação reflete a necessidade de uma abordagem educacional mais interativa e habilidosa em todos os níveis. A formação contínua de presbíteros e párocos é destacada como um meio essencial para garantir que a liderança esteja alinhada com as demandas contemporâneas. A atenção aos ministérios leigos aponta para a importância de preparar e envolver os leigos em diversas funções dentro da comunidade. Essa participação ativa é vista como um catalisador essencial para o dinamismo paroquial.

A preocupação vocacional é destacada, considerando a paróquia como um terreno fértil para o cultivo de vocações. A oração pelas vocações é enfatizada como uma prática que fortalece o comprometimento da comunidade com o florescimento de chamados religiosos e sacerdotais. A seção dedicada à comunicação na pastoral aponta para a necessidade de adaptar os métodos tradicionais à linguagem contemporânea, incluindo o uso de meios virtuais. A comunicação eficaz é reconhecida como uma ferramenta vital na promoção da conversão pastoral.

O chamado para sair em missão ecoa a missão fundamental da Igreja de alcançar aqueles que ainda não foram evangelizados e aqueles que se afastaram. A ênfase na acolhida e na ausência de julgamento reflete um chamado à compaixão e à busca ativa por aqueles que estão distantes.

Em conclusão, o Capítulo VI destaca a necessidade de transformar a paróquia em uma "comunidade de comunidades." O papel crucial da formação, o envolvimento ativo dos leigos e a atenção aos necessitados emergem como pilares essenciais desse processo.


Síntese: Filosofo. Henderson Souza

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